quarta-feira, novembro 03, 2010

The walking dead e a exposição Corpos


    Ontem assisti à estreia da série americana "The walking dead". Não sei explicar o porquê mais adquiri esse gosto estranho: adoro séries "scifi", adoro o oculto, o amedrontador, gosto muito de filmes de terror. O mais lamentável é que não me assusto mais como quando era criança e adolescente. Mas gosto das propostas dos cineastas e argumentistas sobre o sobrenatural. No caso do episódio de ontem, gostei. Mas não vi muita novidade e espero surpresas em breve, senão vou desistir.
    Mortos. Eles estão aqui em Brasília. Cadáveres conservados e expostos para a população para admirar nosso próprio corpo, real e fantástico como no bordão dos expositores. A capital federal está tendo a oportunidade de ver a exposição "Corpos". São doze cadáveres em perfeito estado de conservação à espera de nossas visitas. Como conseguiram tal peripécia?
    Vou dar a receita.
    Primeiro, anatomistas esculpem o corpo retirando as partes que desejam que não sejam vistas, expondo outras. Depois, o primeiro banho: de acetona. A acetona impregna no corpo substituindo a água. Agora, novo banho só que de silicone, na verdade, um polímero plástico de silicone. Dois banhos e o cadáver vai para uma câmara a vácuo. No vácuo, a acetona vaporiza, perde-se como um gás e o silicone invade o espaço deixado por ela. Siliconizado, o corpo recebe um tratamento especial e último chamado de cura. Assim, enrijece. Sem cheiro, sem chances de decomposição. Imortalizado.
    Em alguns casos, usou-se polímeros coloridos para ocupar os vasos sanguíneos destacando-lhes no corpo. Em outros, peças artificiais foram usadas, principalmente nos olhos. Tudo, no entanto, fica farto de detalhes, detalhes que chamam a atenção e seduzem nossa plateia. Dá uma boa aula de anatomia sim. Aliás, várias.
    Os amigos, cuja toda a intimidade é mostrada vêm da China, são chineses indigentes cujos corpos não foram reclamados por seus entes queridos. Recrutados e trabalhados dão a tônica da exposição, uma mistura de arte e medicina.
    Se alguém tiver estômago, pode também aprender um pouco de anatomia com os zumbis da TV a cabo. Mas ficou devendo até aqui. Melhor a exposição.

2 comentários:

aonda disse...

Professor gostei muito da esposicao, mais fiquei com uma duvida, sera que e certo usar esses corpos dessa forma. Nao seria mais etico que so corpos doados e nao corpos nao reclamados pudessem ser expostos.?

Anônimo disse...

Também acho o mesmo , mas onde é há ética nesse mundo movido pelo capital?

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