No Rio de Janeiro, de recesso, pude testemunhar: o show do Marcelo D2 é muito bom. Cara, o astral é algo arrepiante. Pena, que logo quando o show dele começou já percebi dentro das minhas narinas, um aroma peculiar, chamado popularmente de "marola". Logo agora? Logo aqui?
D2 parece ter a triste sina de ser lembrado por seus episódios de apologia ao uso de maconha (foi assim que o conheci pela imprensa). Ele mesmo confessou: "Minha rotina tem sido acordar, tomar café e assinar uma intimação." No dia do Live Earth não foi diferente. Um oficial de justiça o aguardava na saída de seu camarim.
Ele e mais alguns renomados artistas subiram a um mega-palco armado nas areias de Copacabana para um evento mundial que se repetiu na China, nos EUA, na Inglaterra, na África do Sul, na Austrália e na Alemanha: o Live Earth ("Terra viva"). Mega-artistas como Madonna, The Police, Duran Duran, Shakyra, entre outros, espalhados pelo mundo e reunidos por "um só chamado". Um concerto internacional contra o desperdício, a hiper-utilização dos recursos e o efeito estufa. O Rio não poderia ser esquecido. Ali surgiu um documento que nortearia nosso comportamento no século em que já estamos: a Agenda 21. O que se viu foi uma celebração musical do documento.
Foi bom. No palco brasileiro, pude ver (de perto, apesar das 400 mil pessoas) a Xuxa (meus filhos adoraram), Guilherme Arantes, Jota Quest, Perlla, MV Bill e Marcelo D2 ("em busca da batida perfeita"). Dois telões ao lado do palco exibiam apresentações em outros lugares do mundo e vídeos sobre a questão ambiental. Um deles foi bastante interessante. Um documentário sobre o aterro do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro.
Uma realidade aterradora (permitam-me um trocadilho). Pessoas compactando o lixo, outras tentando separar material reciclável para vender e algumas atrás de qualquer coisa de valor. É muito lixo. Cada habitante produz hoje um quilograma de lixo por dia. No aterro, muito desse rejeito gera milhões de toneladas de metano. E metano, é problema. O metano liberado para a atmosfera é muito danoso. Ele é um gás estufa 21 vezes mais aquecedor que o dióxido de carbono. Essa emissão poderia ser revertida. Haveria o que fazer. O metano poderia ser canalizado e utilizado como fonte de energia, como gás de cozinha, como combustível. Bastava algum interesse governamental que poderia fazê-lo com as próprias mãos ou licitá-lo para a iniciativa privada.
Numa incrível tarde carioca, o efeito estufa foi um assunto recorrente. O maior problema brasileiro de geração de gases estufa está nas queimadas. Havemos de evitá-las. Especialmente no Centro-oeste e na Amazônia. Victor Fasano e Christiane Torloni comemoraram: "Esse foi o ano com menor desmatamento da Amazônia. Dos últimos (expectativa!)... três anos." Bom, já é alguma coisa.
De todas as dicas dadas – e foram muitas – achei uma bem útil: como descartar o óleo que usamos para fritura. Em São Paulo, já há coletores desse óleo nos restaurantes, óleo esse que vira matéria-prima para a produção de biodísel. Mas em quase todo o país, esse óleo é lançado nos nossos ralos, atinge a rede de esgoto e polui nossos corpos de água. Preste atenção! A dica! Engarrafe o óleo usado nas frigideiras e nas panelas em embalagens PET, tampe-as e depois as jogue no lixo comum recolhido na frente de sua residência. Legal. Não resolve todos os males, mas é o menor. O volume do lixo não aumenta e nossos rios agradecem.
Agora, algumas palavras de ordem. Use mais bicicletas. Use mais as pernas. Use mais os transportes coletivos (em algumas cidades – graças a nossos governantes – é difícil). Não gaste energia desnecessariamente. Apague as luzes dos cômodos vazios. Desligue um pouco a TV. Leia livros. Use monitores LCD. Use lâmpadas eletrônicas. Use placas de captação de energia solar. Use pilhas recarregáveis. Evite banhos longos. São coisas simples. Algumas exigem gastos iniciais mas que, para que aqueles que podem, sempre compensam. Faça a sua parte. E multiplique seus atos. Virei fã (condicional) do D2. Em busca da batida perfeita. Em busca de um mundo mais limpo.
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