quarta-feira, março 07, 2007

Audição: anatomia, fisiologia e deficiência

A capacidade de ouvir diz muito respeito a sobreviver. É uma questão de reconhecer o ambiente e de se comunicar, ter uma estratégia a mais para antecipar movimentos e sobreviver.

Anatomia das orelhas

Anatomicamente, é incorreto atualmente empregar o termo "ouvido".

A orelha se divide em três partes: a externa, a média e a interna.

Orelha externa

Constituída do pavilhão auditivo – a orelha propriamente dita – e o meato auditivo (canal auditivo). O pavilhão auditivo está ligado ao direcionamento do som para as partes mais internas do sistema. Em algumas espécies de mamíferos, há uma habilidade inata de mudar sua direção para facilitar seu serviço. Na espécie humana, o músculo responsável pela proeza está sempre comprometido e praticamente não funciona.

O meato é um canal que termina no tímpano. Sua porção inicial apresenta um epitélio secretor de cerúmen. O cerúmen e os pêlos da região funcionam como uma proteção contra a penetração de partículas. A "cera" teoricamente não deveria ser removida: ela resseca e descama. Momento de aparência questionável, muitos (senão todos) usam cotonetes (e outros artifícios mais criativos – como unhas e palitos) para removê-la. No intuito de tirá-la, muitos acabam por enterrá-la no fundo do meato, atingindo as proximidades do tímpano. O acúmulo excessivo dela pode reduzir a audição demandando uma lavagem com supervisão médica.

Orelha média

Alguns autores optam por não posicionar o tímpano aqui (colocam-no como parte da orelha externa), mas estou fazendo-o. Além do tímpano, existe um espaço tomado de ar chamado de câmara timpânica. A câmara está interligada com a nasofaringe pela tuba auditiva. A tuba auditiva já foi chamada de Trompa de Eustáquio. Eustáquio foi um dos pioneiros na anatomia humana sendo contemporâneo de Leonardo da Vinci.

A diferença de pressão entre o lado de fora e de dentro do tímpano pode ocasionar abaulamentos nessa membrana e produzir dor. Isso é especialmente presente em ocasiões como mergulhos e viagens de avião. Quando gripados, resfriados, com infecção na faringe (garganta), os canais são obstruídos por secreção dificultam o controle da pressão o que leva à dor de ouvido (orelha, né?).

Inserido na câmara há três ossos reduzidos: o martelo, a bigorna e o estribo. São assim chamados devido às suas formas. São conectados entre si, nessa ordem. São movidos basicamente pelo movimento do tímpano e terminam por acoplar na orelha interna, sacolejando-a em uma área específica chamada de janela oval.

Orelha interna

É constituída pelo labirinto. O labirinto apresenta três partes: a cóclea, o vestíbulo e os canais semicirculares. A cóclea apresenta uma cavidade interna com uma espécie de gelatina. Na sua base, existem células ciliares – são os mecanoceptores da audição.

A estrutura dos canais semicirculares e do vestíbulo é parecida. E parecida também com a da cóclea. A substância interna, no entanto, é líquida. O destino informacional também é outro. Os impulsos são levados ao cerebelo pelo nervo vestibular. Essas informações são utilizadas para a manutenção do equilíbrio do corpo.

Distúrbios nas orelhas

Labirintopatia

Comumente chamada de labirintite. Em ambos os casos, o labirinto é afetado. No entanto, a segunda é um caso inflamatório – diga-se de passagem raro. Os sintomas são a perda do equilíbrio e às vezes um zumbido permanente.

Deficiência auditiva

Pode ter diversas causas.

Muitos casos são malformações devido a problemas genéticos e/ou embriológicos. Algumas doenças são particularmente sérias como rubéola, herpes e toxoplasmose.

Alguns pacientes apresentam um quadro reduzido de audição devido a infecções, como o sarampo, rubéola e meningite. Infecções recorrentes no ouvido médio são igualmente perigosas.

A exposição sonora aflige a orelha causando perda auditiva. Normalmente, após uma exposição sonora intensa recupera-se a audição normal em 24 horas. O problema é quando essa situação é imperativa, quase diária. Portanto, cuidado com seus aparelhos tipo "Ipod"! O chamado fone de inserção (como o deles) aumenta ainda mais os danos auditivos (leia a reportagem em http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u4070.shtml)

Chama-se de presbiacusia à perda de audição com a idade. Aos 60 anos, perdeu-se , em média, 30% da capacidade auditiva; aos 70 anos, metade dela. Parece ser inevitável.

Curiosidades sobre a surdez

Aproximadamente 90% das crianças portadoras de deficiência auditiva de graus severo e profundo são filhos de pais ouvintes.

A palavra MOUCO é sinônimo de surdez.

O aumento da poluição sonora nas últimas décadas também tem sido muito prejudicial. Estatísticas levantadas entre 1971 e 1990 - auge do Heavy Metal e do Punk, mostraram que o número de pessoas entre 18 e 44 anos com problemas relacionados à audição aumentou 17%. Entre 46 e 64 anos, o aumento foi de 26%.

Pais surdos podem escolher que seus filhos nasçam surdos. (leia: "Eugenia ao contrário?")

3 comentários:

Caroline Palomares disse...

Marcellooo,
aqui é a Carol do 2º E.

Fiz um blogspot só pra comentar aqui, não é lindo??

Seus textos são muito bons.
Virei aqui sempre, tá?

Te adoro, FOFO.

tto disse...

Texto nota 10! Valeu lasneaux! Bjs!

Anônimo disse...

bom comeco

O ensino-anfioxo

Provavelmente todos os professores de biologia brasileiros vão morrer sem ver um anfioxo. Mas passam mais tempo falando de...