O nome significa veneno. Assim foram designados. Na fronteira
entre o vivo e o não-vivo, os vírus desafiam os conceitos. Em recente
descoberta, um vírus “adormecido” há 30 mil anos foi trazido à “vida”. Entretanto,
não teria morrido, nem tampouco renascido.
A questão insolúvel para todos nós, é que os vírus são dotados de vida
transitória, momentânea, manifesta em certas condições, propiciadas pela
natureza das células, com suas polimerases, nucleotídeos, aminoácidos e
ribossomos.
Wendell
Stanley (1904-1971) recebeu, em 1946, o Nobel pelo isolamento do vírus, que
realizou em 1935. Quando Beijerink provou que os vírus não eram toxinas e ao
mesmo tempo não poderiam ser crescidos em um meio de cultura, sabia-se
definitivamente que estávamos diante de uma nova entidade biológica, algo
certamente novo, reduzido e polêmico. Os vírus podem apresentar míseros 20nm de
tamanho, sendo menores que os menores ribossomos, o dos procariotos. Envolvidos
por um capsídeo, de capsômeros proteicos, recobrem o cerne, região onde ocorre
um ácido nucleico: DNA ou RNA. Uma única exceção encontrada até aqui é a do CMV
(citomegalovírus) que apresenta as duas moléculas. O CMV é causador da
mononucleose, doença branda, conhecida como doença do beijo, embora possa ser
transmitida por outras formas. Quando congênita, inspira cuidado, uma vez que
pode causar perda auditiva.
Os vírus
podem ser altamente específicos mas muitos apresentam grande espectro de ação,
podendo infectar – em sua mesma forma – mosquitos, pássaros, cavalos e seres
humanos, por exemplo. São responsáveis por inúmeras doenças humanas conhecidas
como poliomielite, sarampo, raiva, rubéola, hantavirose, resfriados, gripes,
herpes, catapora, verrugas, rotavirose, entre outras.
Os vírus apresentam
genes, de 4 a mais de 1000, dependendo do grupo. A taxonomia viral divide-os em
seis classes, de I a VI. As duas primeiras, são de vírus de DNA e as outras
quatro, de RNA.
Em suas
estratégias de proliferação, suas ações permanentemente utilizam a maquinaria
celular para conseguir se multiplicar. Os vírus de DNA utilizam, por exemplo, a
polimerase celular. Os vírus de RNA não podem usar essa espécie de enzima
porque os RNAs celulares não conseguem se replicar. Dessa forma, os vírus devem
portar uma polimerase própria, a RNA polimerase RNA-dependente, também chamada
de replicase.
A
diversidade dos vírus é alta. Só em plantas, são mais de 2 mil tipos,
ocasionando uma perda anual de 15 bilhões de dólares por ano. Entre os mais
mortais para a espécie humana, historicamente, está o causador da gripe
espanhola, na pandemia de 1918 e 1919, que ocasionou mais de 40 milhões de
mortes. A gripe espanhola matou, entre tantos, o presidente Rodrigues Alves,
presidente que durante seu mandato, trouxe Oswaldo Cruz para a grande cruzada
sanitarista na capital da república da época, o Rio de Janeiro. A gripe
espanhola foi causada pelo H1N1 e matou mais que a Primeira Grande Guerra, na
qual morreram em torno de 19 milhões de pessoas.
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