quarta-feira, novembro 30, 2011

A poeira mortal

Os pulmões ficam pequenos e rígidos. Ou ainda, uma massa de células anormais crescem no pulmão ou na pleura, membrana que o recobre. A causa? Um mecanismo evitável, uma doença ocupacional que poderia ser evitada pela simples proibição, recapacitação de pessoal e substituição de mercadorias. Estamos falando do amianto, estamos falando de vidas humanas.
O lisossomo é uma organela típica das células animais. Deriva da atividade do complexo golgiense e tem a função de realizar digestão intracelular. Digere organelas imprestáveis, resolve uma fome circunstancial, devora partículas adentradas por fagocitose e pinocitose e pode dizimar a célula toda, em mecanismo chamado de autólise. Nessa parte entra o convidado.
O amianto é também chamado de asbesto. A forma usada no Brasil é chamada de serpentina. Trata-se de fibras de origem mineral de boa flexibilidade, não dissolvem em água, resistem a reações químicas e a altas temperaturas. Pensa bem: uma maravilha, não acham? É um material de imenso uso no Brasil: usado na fabricação de caixas d'água, telhas onduladas, pastilhas de freio, discos de embreagem, luvas, filtros, papelão, entre outros. O que muitos não sabem é o mal que ele pode causar. A exposição ao amianto causa a asbestose, doença que causa inflamação progressiva dos pulmões além de estar associada ao câncer. As lesões nos pulmões decorrem da inalação do amianto. Ele chega até os pneumatócitos que são células patrulheiras dos alvéolos pulmonares. Elas o fagocitam mas depois não conseguem digeri-lo. Ao contrário disso, os lisossomos que fracassam na tentativa de ação derrama seu conteúdo no interior da célula causando-lhe autólise. Outras células são atingidas pelo problema. O corpo, na tentativa de ajudar, infiltra mais células de defesa na área, o que só piora a situação. Em outra ação remediadora, o pulmão começa a substituir as células mortas por fibras de colágeno. Acontece que as fibras não são capazes de realizar a função pulmonar. O pulmão perde capacidade de oxigenar o sangue além de diminuir sua complacência - capaciade de expandir e comprimir. Os pulmões vão diminuindo de tamanho e ficando rígidos. 
Assim como no caso do cigarro, esses problemas demoram a aparecer. Entretanto, são muitos brasileiros susceptíveis ao problema. Só na área de mineração, são mais de 25 mil trabalhadores. Em 48 países, o amianto já foi proibido, incluindo a União Europeia, a Argentina, o Uruguai, El Salvador e o Chile. No Brasil, em 1991, o Ministério do Trabalho publicou em uma norma reguladora a proibição de algumas formas do amianto, o trabalho de menores de 18 anos e a pulverização (jateamento) do amianto. Mas são medidas suficientes?

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