Relação ecológica é uma associação entre indivíduos, da mesma espécie ou não, em que pelo menos um deles ganha ou perde. Existem várias. Parasitismo, predatismo, amensalismo, competição, canibalismo, sociedade, etc. Os exemplos pululam aqui e ali, as relações podem ser fatores decisivos para a sobrevivência de muitas dos envolvidos. Hoje eu fui surpreendido por um caso no mínimo inusitado: uma relação entre o polvo e o coco.
O polvo é um molusco cefalópode, dotado de qualidades maravilhosas como olho complexo e circulação fechada. É um predador de outros animais marinhos mas deve se proteger da possibilidade da predação. Mas proteger-se dentro de um coco?
Cientistas flagraram um polvo dentro de um coco como um pagurus (um caranguejo) dentro de uma concha. É isso. O coco é a concha do polvo. Logo o filo que tem como característica exclusiva a produção de conchas. Mas o polvo não a produz. É uma apomorfia, ou seja, uma novidade adquirida após a origem do clado.
Existe uma relação ecológica aqui? Digo, entre o coco e o polvo?
Penso que sim. O nome? Inquilinismo, um tipo particular de comensalismo. Uma relação unilateral. Apesar de a monocotiledônea não estar ali, parte formada por ela está sendo utilizada. Também dizemos que há inquilinismo quando achamos um morcego ou uma cascavel dentro de um cupinzeiro abandonado. O cupinzeiro também não faz parte do cupim mas é o que - defendido por Richard Dawkins - seu fenótipo estendido. O fruto do coqueiro é uma continuidade extra-corporal do fenótipo do coqueiro. Utilizado pelo polvo como casa, como cobertura, como uma trincheira no terreno ameaçador da água.
É, meus amigos, não vimos tudo ainda.
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