Demonstrando o descaso da humanidade com a causa ambiental, o lançamento do filme coincidiu com o final da Copenhagen-15 (2009), que deveria substituir Quioto (1997). Um fiasco. Na Dinamarca e em Pandora, o que se viu foi uma vitória a mais dos exploradores desenfreados dos novos recursos naturais, sem a preocupação de investigar, programar e reduzir. A ciência deve existir para melhorar a qualidade de vida, entender fenômenos, defender a natureza e democratizar o conhecimento. Diante de toda distorção criada pela ascensão meteórica do ritmo e do padrão de vida, outros instrumentos se aliaram ao prazer de descobrir: o dinheiro e a cobiça. Precisamos viver melhor, sempre, mas com respeito às outras coisas do mundo. Podemos criar, recriar, combinar, desfazer, fazer, mudar, imaginar. Nossa mente permite uma infinidade de soluções e inovações mas nem sempre elas deveriam ser factíveis se olhássemos pelos olhos mais de 2 milhões de espécies que coabitam nosso planeta. Acho que cada ser humano deveria ter seu avatar para andar na natureza e conhecer, como no caso do protagonista da história de James Cameron. Alguns precisam disso com mais urgência do que outros.
Professor Marcello Vieira Lasneaux. Doutorando em Educação, UnB. Mestre em Bioética da Universidade de Brasília. Especialista em Genética Humana pela UnB. Bacharel e licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília. Especialista em Gestão Escolar. Professor do Instituto Federal de Brasília.
segunda-feira, dezembro 28, 2009
Avatar e a COP-15
Fui ao cinema e vi. Gostei do que vi. São quase três horas (incluindo os traillers e as propagandas) mas não demorou a passar. O filme não é só um grande espetáculo visual, tem sustento nas entrelinhas, tem moral na história. A ideia exploratória sem limites e sem olhar o outro lado tem lastro na história recente da humanidade. Os na'vi (o povo gigante e azul) poderiam ser tupinambás, incas ou coroados. Têm língua própria, costumes próprios, relações sólidas de respeito com a natureza. Do lado humano, duas facções: uma preocupada com a ciência e com os impactos naturais e outra, militarizada com a fixa ideia de atender os investidores e o mercado exigente. Entre os povos, Pandora, a terra de samambaias gigantes, cogumelos bioluminescentes e uma fauna excêntrica. Pandora de árvores cujas raízes realizam sinapses entre elas transformando a terra em cérebro, materializando a ideia de James Lovelock, a hipótese Gaia, a terra como um superorganismo.
Salvem Pandora! Salvem o mundo!
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