quinta-feira, novembro 13, 2008

Feliz ano velho

Um acidente horroroso, veja bem, imitar o Tio Patinhas e bater com a cabeça em uma pedra. Logo ali, onde reside o mais nobre dos sistemas, o que controla todos os outros e o que menos tem capacidade de se recuperar: o sistema nervoso.
Ali, na região, de especial encontra-se a medula espinhal. Graças a ela, a mente comanda o corpo. Lesionada, o controle das partes corporais fica seriamente comprometida, podendo o paciente ficar paraplégico (em lesões mais inferiores da medula) e tetraplégico (em lesões mais altas, como na região cervical). Marcelo, infelizmente teve a pior das duas opções.
Inesperadamente lançado em uma experiência de grandes limitações, Marcelo se presta a contar sua dura convivência com a nova realidade, lembrando de episódios políticos, musicais, estudantis, familiares e sexuais.
Drogas. Substâncias que interferem no metabolismo. Drogas psicotrópicas. Substâncias que interferem no metabolismo do cérebro. Marcelo tem uma relação marcante e declarada com algumas delas. Quando imitou o Tio Patinhas, bateu a cabeça e escutou "piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii", como relata no livro, ele estava alcoolizado. Fumava cigarros e maconha, a qual ele se refere sempre como "dar uma bola".
As drogas psicotrópicas são divididas em três grupos: depressoras, estimulantes e alucinógenas.
As depressoras diminuem a atividade cerebral. São os casos do álcool e da heroína. Elas até tem a fama de gerar uma euforia inicial, o que procede. Mas mesmo essa ação é, amiúde, uma inibição que o cérebro começa a sofrer.
As estimulantes aceleram a atividade do sistema nervoso, além de outras funções – como a cardíaca e a respiratória. São os casos da cocaína e do crack.
As alucinógenas são também chamadas de perturbadoras. Têm como exemplos, a maconha e o LSD.
A nicotina não é comumente classificada nas categorias anteriores, embora seja indiscutivelmente uma droga psicotrópica que gera grande dependência. Causa sabidamente danos cardíacos, respiratórios, além de aumentar as chances de câncer.
Vida pouco saudável levava o nosso autor-protagonista, não é verdade?
Durante a obra, Marcelo conta algumas de suas experiências sexuais. A maior preocupação nessas narrativas deveria ser importante de ser discutida: o cuidado. Tendo várias parceiras, hora nenhuma se falou em preservativos. A camisinha é um importante aliado nas relações sexuais, especialmente em algumas situações. A camisinha além de evitar a gravidez – sendo um método anticonceptivo – evita o contato entre as genitálias, o que desfavorece a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis como sífilis e gonorréia (causadas por bactérias), herpes, condiloma (verruga genital) e a temida AIDS (esses últimos, causados por vírus).
A história de "Feliz ano velho" ambienta-se em São Paulo. Falar em São Paulo sem notadamente perceber suas poluições é difícil. A obra transpira alguns momentos dessa problemática.
Calor. Marcelo reclama do calor causticante da cidade. São Paulo é, reconhecidamente, uma ilha de calor. Sua temperatura está a mais de 10º do que deveria em função da falta de verde, dos materiais utilizados nas construções e nas pistas que retém muito calor, da verticalização que impede uma boa circulação de ar, do incrível número de equipamentos e motores ligados gerando calor.
O ar. São Paulo respira um ar de má qualidade, como acontece em outras cidades do planeta como na Cidade do México e em Pequim. Uma quantidade de substâncias especialmente liberadas pelos carros, inundam os pulmões das pessoas, facilitando irritações respiratórias, tosses, internações e mortes.
Ah! E o barulho? Pesquisas demonstram o quanto é ruim para a produtividade do sistema nervoso, o barulho em altos índices. O trabalhador sofre mais com ansiedade e estresse, sem que reconheça o que lhes causa tanto incômodo. Alguns se dizem acostumados. Não é verdade.
Caetano Veloso é que dizia: "São Paulo é como o mundo inteiro". Nos bons e nos maus exemplos, como me parece.

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