quarta-feira, janeiro 09, 2008

Alerta amarelo

    Mortes suspeitas de macacos, e, depois, de homens. Uma onda de preocupação se espalha por várias unidades da federação, tendo como epicentro, o Estado de Goiás. O motivo é um vírus e seu fiel transportador, o mosquito Aedes aegypti (o mesmo que transmite a dengue). É a febre amarela.

    Essa parceria – mosquito e vírus – não ocorre sempre. Os mosquitos são insetos com metamorfose completa, passam pelos estágios de ovo, larva, pupa e adulto. Somente na fase adulta eles podem adquirir o vírus. Fazem isso quando sugam o sangue de alguém contaminado, homem ou macaco. Muitos mosquitos não possuem o vírus.

    Embora ambos tenham fêmeas ávidas por sangue, o Aedes é diferente do pernilongo (Culex) em muitos aspectos, mas o principal deles é o horário de ação. Enquanto o ultra-conhecido pernilongo é noturno, o Aedes é diurno.

    A doença é causada por um flavivírus e tem uma incubação de três a seis dias. Febre, mal-estar e dores abdominais são os primeiros sintomas. Evolui em muitos casos para complicações hepáticas e renais, provocando olhos e pele amarelados - o que justifica o nome da doença. O índice de mortalidade é muito alto. De fato, preocupa.

    O tratamento é inespecífico. O paciente tem suas funções mantidas às custas de equipamentos (como o de hemodiálise – para compensar o problema renal) e medicações. Internado, o paciente pode ter alguma chance de sobrevivência, mas mesmo assim, a morte sobrevém em muitos casos.

    Duas medidas são muito importantes para a contenção da doença. Primeiro, o controle do transmissor, o mosquito da dengue. E, segundo, a vacinação em massa. A vacina demora 10 dias para fazer efeito. Isso tem a ver com a resposta imunológica primária que leva pouco mais de uma semana para se consolidar. Depois de vacinado, o cidadão está imunizado por 10 anos. Pode tomar outra a partir de 5 anos da aplicação. A vacina tem 100% de eficiência e é gratuita.

    Já tomou a sua?

9 comentários:

Anônimo disse...

professor, uma dúvida: o aspecto amarelado(icterícia)dessa febre se dá pela destruição das hemácias assim como na malária?

quanto à vacina ,já tomei a minha, ñ é bom dar chances
ao azar...né ñ?!

Carol disse...

Professor, mas a febre amarela tem dois modos de transmissão não é?
Silvestre, que é por macacos, e por outro mosquito também.
O outro pelo aedes mesmo.
quais são as diferenças desses dois tipos??

professor lasneaux disse...

Respostas. Henrique, até onde sei a icterícia surge devido a lesões hepáticas assim como no caso das hepatites. Caroline, a diferença das duas formas, urbana e silvestre está apenas no transmissor e no reservatório. Na forma silvestre o transmissor é o Hemagogus e o reservatório algumas espécies de macacos. Na forma urbana,o transmissor é o Aedes e o reservatório, o homem.

Unknown disse...

Ótimo texto, professor!

Vim passar férias em Brasília e já tomei a vacina no HUB. Doeu e meu braço está um pouco roxo, mas tudo bem, né?!

Abraços!

Anônimo disse...

ótimo texto professor, mas não é exagero tornar as chances de sobrevivencia tão minimas após a internação? melhor, no caso de contaminação, até que ponto ainda é "segura" a internação?

Mari disse...

Já tomei também!
Mas meu braço não ficou roxo não.. haha
Quando vc falou que tinha postado esse texto no seu blog eu pensei "blog, que blog?" hahaha..
Mas cá estou, e como sempre, ótimo o texto!
:*

Gyan disse...

Eu sei que não tem correlação com o artigo, mas gostaria que se possível o sr. comentasse se o processo evolutivo simulado no caso pode respresentar ou o mesmo guarda qualquer semelhança com a realidade.

http://br.youtube.com/watch?v=mcAq9bmCeR0

Agradecido

e uma abraço =D

Anônimo disse...

Último dia de clausura, aiai!
Oi, profê! Ainda estou viva... soube do rapaz em Taguatinga que tomou 2 doses da vacina no mesmo dia? Coitado, quis se prevenir em dobro, santa esperteza.
Incrível ver que as pessoas não acreditam na ciência... nessas "conversas de padaria" a gente percebe o nível de cultura; muita gente não acredita que a eficácia da vacina seja de 10 anos. Há quem se vacinou ano passado e já está lá na fila, pra "reforçar" a dose.
Tomei há 8 anos e tô tranqüilíssima... posso fazer o vestibular no meio do mato que vou sair bem (ou quase, mosquitos não vão deixar barato, haha!)
Saudades, profê! Fique bem!
Beijos!

professor lasneaux disse...

Um abraço para todos e façam boas provas!

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