terça-feira, março 27, 2007

Insetos e aracnídeos: uma confusão evitável

Nesse mês de março, um jornal da cidade cometeu uma confusão ultrajante. Imaginem. Chamou o pobre de um escorpião de inseto! E por duas vezes! Poderiam ter chamado um curdo de xiita, um boliviano de colombiano, até confundir "desapercebido" com "despercebido". Mas isso, não! Desfaçamos esse despautério!

Dois milhões. Esse é o número de espécies animais pelo planeta. Distribuídos na terra e na água, dominados por um grupo: os artrópodos. Animais de apêndices articulados – como antenas, patas e ferrões – mais da metade de tudo que se conhece como bicho.

É quase impossível não conviver de perto com esses animais. As formigas habitam nossos jardins e cozinhas; as aranhas, os cantos da casa; as borboletas, as flores  dos canteiros; os ácaros, nossa cama e sofá. Insetos e aracnídeos no seio do nosso lar. Afobadas, algumas pessoas classificam qualquer "animalzinho" com algumas patas como insetos: besouros, abelhas, aranhas, carrapatos, lacraias. Opa! Muita calma nessa hora!

Os artrópodos são divididos em vários grupos. O maior deles é o dos insetos. Como reconhecê-los? Seis patas. Duas antenas. Corpo dividido em cabeça, tórax e abdômen. Costumam ter asas. Não é uma regra. Gafanhotos, pulgas, cigarras, aleluias, taturanas e vespas. E muitos outros. São muitas espécies, milhares. Podem parecer todos muito inconvenientes e asquerosos. Alguns fazem mesmo o gênero.

Baratas são mesmo muito nojentas. Estudos comprovam que são capazes de carregar vermes, protozoários, bactérias e vírus, toda essa corja em suas antenas e patas. Barbeiros, mosquitos fêmeas e pulgas sugam sangue de suas vítimas e podem transmitir doenças. Todavia, boas ações também são praticadas. Muitos exemplares são importantes polinizadores, multiplicadores de sementes e de frutos nas angiospermas. 

Os aracnídeos formam um grupo muito conhecido. Não são insetos. Não cometa essa gafe. Também não é sinônimo de aranhas. É um grupo maior. Os aracnídeos têm oito patas, não têm antenas e apresentam corpo dividido em cefalotórax e abdômen. Além das centenas de espécies de aranhas, incluem também escorpiões, ácaros e carrapatos. Esses últimos fizeram notícia no final do último ano como transmissor de uma doença de alto risco de morte: a febre maculosa. Os escorpiões-amarelos são conhecidos por sua picada dolorida e peçonhenta. Surgem próximos a cidades e apresentam uma incomum: todos são fêmeas.

As lacraias (ou centopéias) não são insetos. Nem aracnídeos. Mas são artrópodos. Apresentam muitas patas, um par por segmento do corpo. Têm um par de forcípulas, verdadeiros ferrões na cabeça. São venenosas, rápidas e carnívoras.

Muita confusão na hora de identificá-los e muitos indivíduos para nos confundir. Insetos, um mega-grupo. E o sucesso não é por acaso. Encerrados em sua poderosa casaca de quitina, voando de um lado para outro, reproduzindo espantosamente e suportando as adversidades da natureza, eles dominam. Vivem entre nós. Agora, vocês os conhecem. Nada mais de confusão.

2 comentários:

Murilo Marinho disse...

Sim, professor, estamos estudando! Ótimas matérias, aliás.

Carol disse...

Olá professor,
Estava pesquisando na internet e acabei encontrando o seu blog. Gostei bastante dos textos, mas uma coisa me chamou mais a atenção. Também sou de Brasília e da família Lasneaux. Será que somos parentes?

Até logo,
Caroline Lasneaux

O ensino-anfioxo

Provavelmente todos os professores de biologia brasileiros vão morrer sem ver um anfioxo. Mas passam mais tempo falando de...